VASCO DA GAMA
(Ao glorioso Clube da Cruz de Malta)
(Athos Fernandes - Shangri-La Poesias - 1979)
Da gente lusitana a audácia e a fama, que o gênio de Camões propala e exalta, à sombra tutelar da Cruz de malta fizeram-te imortal, - Vasco da Gama!
Tens a fé e o valor, a luz e a chama que antiga e nobre tradição ressalta. E no prestígio que jamais te falta, todo um Tejo de glórias se derrama.
Quer na terra ou no mar és grande e forte, e sob o céu de anil, do sul ao norte aumenta o teu renome colossal...
Heróico na derrota ou na vitória, és novo traço de união, na História, que do Brasil se estende a Portugal.
VERSOS A MIM MESMO
(Athos Fernandes - Shangri-La Poesias - 1979)
Conserva a tua fé! Vive sentindo o que o mundo não quer te conceder. Todo sonho de amor nasce sorrindo, cresce sorrindo e ri até morrer!...
Olha o esplendor do sol, num dia findo, e Vê que há um só fulgor e um só poder, entre as tranças da aurora refulgindo e as roupagens de luz do entardecer...
Modela o teu viver! Canta num hino a ventura suprema de ser dono e construtor feliz do teu destino.
Envelhece sonhando! Ama e prospera; há tanto ardor nos ósculos do outono, como calor no olhar da primavera!
FRANÇA
(Soneto escrito no dia da queda da França, na Segunda Guerra Mundial)
(Athos Fernandes - Shangri-La Poesias - 1979)
Sob o tacão de um bárbaro demente foste esmagada, ó sofredora França! Mas o mundo, contrito, não se cansa de a Deus rogar por ti - constantemente.
Foste traída, fria e brutalmente, por quem mais merecia a confiança desse teu povo honesto e inteligente, mais amigo da pena que da lança.
Mas se o Direito é luz que sempre brilha, desde a imortal Tomada da Bastilha, que um Bem enorme trouxe à Humanidade,
Hás de, ó França imortal! Depois da guerra, qual nova Fênix ressurgir na terra para dar mais um viva à Liberdade!
BOCAGE
(Athos Fernandes - Shangri-La Poesias - 1979)
Rico de gênio, pobre de ventura, assim viveu o glorioso Elmano, a quem destino fero e desumano só deu descanso e paz na sepultura!
Ninguém sofreu de amor maior tortura, sempre a exaltar o pérfido tirano. Ninguém soube melhor, no desengano, pagar brutalidade com ternura...
Se bens terrenos lhe negou o Fado, indiferente à sua fama e glória, e ao seu talento enorme e consagrado,
O seu gênio lhe deu grata memória, e em paga de um viver atribulado fê-lo imortal nas páginas da História.
PADRE MELLO
(Em memória do grande Padre e amigo)
(Athos Fernandes - Shangri-La Poesias - 1979)
O que vos poderei dizer do Padre Mello? Certo que o conheci e com orgulho o digo, pois dele recebi muito conselho amigo, naquele jeito seu, cativante e singelo!
Recém-chegado aqui, trazia então comigo no jovem coração ardente e nobre anelo. Queria ser poeta e erguer um templo ao Belo e ao sólio protetor vinha pedir abrigo!
Recebeu-me o bom velho, o sacerdote-artista. Poliu meu estro inculto, abriu-me da alma a vista Em novas dimensões na Língua Portuguesa...
Pela vida exemplar do vigário e do esteta, não sei qual o maior: se o Padre, se o Poeta, entre os cultos a deus e os cultos à Beleza!
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