NO PALCO DA VIDA
(Athos Fernandes - Shangri-La Poesias - 1979)
Na infância as travessuras são ruidosas...
Correr, brincar, ter sonhos multicores,
ir ao pomar colher frutas cheirosas
e nas escola zombar dos professores!
Depois, a mocidade! Enfim, garbosas,
as almas vivem desejando amores,
sorrindo sempre à vida, esperançosas,
vendo em tudo no mundo lindas cores.
Por fim, quando a velhice vem chegando,
em nossos corações vão-se abrigando
a nostalgia atroz e o desengano...
Foi-se o viço das folhes tão queridas!
Vem a morte ceifando nossas vidas,
neste palco de dor - descendo o pano!
SE QUERES SER FELIZ
(Athos Fernandes - Shangri-La Poesias - 1979)
Se queres ser feliz, basta-te crer somente
e a ventura virá bater à tua porta!
Quem crê supera o Mal! E o resto pouco importa,
pois só vive feliz o que feliz se sente!
O que passou, passou. Cuidemos do presente,
já que é ele tão só que agora nos conforta.
Há, por falta de fé, tanta gente morta,
tanta gente infeliz, amigo, tanta gente!...
O futuro será conforme nossa crença:
bem melhor ou pior, segundo o preparemos
pela força da fé ou pela indiferença.
E o amor também virá, - no momento propício,
na exata proporção do quanto o merecemos,
como prêmio do bem ou cruz de sacrifício.
SER OU NÃO SER
(To be or not to be. That is the question! - Hamlet - Shakespeare)
(Athos Fernandes - Shangri-La Poesias - 1979)
Talvez que além da Vida e além da Morte,
lá nos confins remotos do Infinito,
se encontre solução para o conflito
entre o Ser ou não Ser da humana sorte!
Deuses de barro, esfinges de granito,
pirâmides e torres de alto porte,
preces de Paz, rugidos de Mavorte,
templos pagãos e túmulos do Egito,
Do Ser e do não Ser eis o dilema!
O controverso e milenar problema
que desafia os crentes e os ateus...
O insondável mistério da existência,
e a mesquinhez da humana inteligência,
em gemidos de dor - clamam por Deus!
A VIDA
(Athos Fernandes - Shangri-La Poesias - 1979)
A vida é qual deserto imensurável,
onde o Simum veloz dos desenganos
faz da ilusão mais forte e mais durável
imensas dunas de infernais enganos.
É um cálido areal indecifrável
onde sofremos dias, meses, anos...
Lustros de dor por dia desfrutável,
horas de fé por séculos profanos.
Vida! Extertor de lágrima a sorrir!
Recordação de alguém reverberando
na alma do sonho que não quer partir.
Ânsia enorme de amor no amor surgindo.
Terna saudade que nasceu chorando
de uma esperança que morreu sorrindo!